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Mostrando postagens de maio, 2024

dos elos

Abro o portão e vejo o carro cinza estacionado; já sei que me espera. Abro as grades devagar ouvindo o estalo do cadeado ecoar pela sala vazia. Ando rápido pelo chão de pedra a fim de subir as escadas, mas mal alcanço o primeiro degrau e ouço meio nome ser chamado.  Meu rosto se retorne de um jeito que não posso ver e penso pela milionésima vez como seria se eu não fosse tratada como um objeto de posse: só mais um ato na tua Cartier. Se houvesse uma migalha de respeito ou um grão de confiança compartilhada nessa relação, será que se romperiam os grilhões? Seria possível andar a ermo sem me preocupar se já atingi toda a extensão das correntes? Precisaria ainda voltar para a torre de concreto armado para ser vigiada e controlada assim que abro os olhos? Sigo pelo corredor escuro até avistar a cadeira de madeira talhada. A majestade me observa por detrás dos óculos antes de dizer qualquer coisa. Me sirvo de um copo d’água na intenção de desviar daquele olhar e aguardo o discurso de quem j