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Mostrando postagens de agosto, 2010

- Latejante -

Eu sei que meus pés doem, mas eu ignoro. Eu sei que o eco dos meus passos no corredor vazio dói na minha cabeça, mas eu passo por cima dela. Eu sei que o estalo da porta - que parece ser dez vezes maior do que o normal - dói nas minhas têmporas, mas quase não sinto, pois já não tenho medo da dor, eu já experimentei tanto dela ultimamente que é praticamente normal agora. Eu estou encarando a sala do apartamento, tudo o que você tocou ainda está lá, jogado, derramado. Aberto, exposto para ser tomado pelo tempo. E suas digitais parecem evidências de uma cena de Law&Order , tão imóveis e perfeitas na camada tripla de pó. Eu quero tocar, quero tanto que dói, mas eu não sinto, porque a dor é a mesma sempre. Mas eu não me permito triscar em nada que seja teu, porque é tudo evidência de nós. Significa tudo. Bem, meio que. Corrobora a existência. Ainda com medo eu dou alguns passos e aperto o botão, a luz verde acende e o disco gira solitário. Eu deslizo o braço e delicadamente posici