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Mostrando postagens de setembro, 2012

Queimaduras do Frio

O som das minhas botas marrons ecoa nas fachadas da rua vazia, soturna. Eu acelero os passos na esperança de chegar mais rápido, mas quanto mais ando, a curva a frente parece ficar mais longe. Olho para trás e a tua figura me segue. A armação dos teus óculos cintila pelas luzes do poste.  Vou em frente, desejando chegar rápido, mas paro. Olho em volta as casas solitárias e imagino se me pareço com elas. Tec. Tec. Meus passos retornam e sinto vontade de sumir, desaparecer no ar. Me sinto cheia, sufocada, tão, tão pesada. Ando mais rápido e o vento frio arranha meu rosto, feito uma toalha gasta. E nada, nem mesmo o ardor do tempo na minha pele é capaz de me impedir de correr. O ar gelado que eu puxo, me aquece enquanto eu disparo, desejando que meu corpo aguente a dor que se expande no meu peito com cada respiração. Entro na casa, subo as escadas e bato a porta com tanta força que os vidros da janela azul balançam. E eu respiro.  Respiro engolindo as lágrimas não derramadas. Res