espiral
Viro na direção do barulho e meu corpo enrijece. Já sentiste uma fisgada na parte de trás do pescoço? Pois imagine a mesma sensação pelo corpo inteiro. Ser atravessada bem ali, naquele espaço de tempo no qual te reconheço e perco a noção de que fiquei parada no meio da via. Sacudo os braços devagar me desfazendo da tensão e retomando os passos, pensando se foste capaz de perceber como me senti. Minhas mãos estão geladas e acho que não estou respirando direito. Será que vou vomitar? Minha boca amarga e sinto alguma coisa ácida no fundo da garganta. Se eu pudesse sumir, desaparecer, me camuflar na paisagem, eu faria. E isso faz eu me lembrar de quando te abracei por trás daquela vez, e viraste pra mim, não assustado, mas indiferente, como se aquele pequeno gesto fosse desnecessário, invisível aos teus olhos duros e distantes. Viro mais uma vez pra ter certeza de que não é minha imaginação, mas lá estás tu olhando na minha direção com a cabeça inclinada enquanto o b...