Cidade das Mangueiras
Correr sob o calor abrasador dessa cidade úmida e abafada me faz sentir estranhamente fora do lugar. Logo eu que julgava saber o significado do calor, sempre me descubro pensando “diabos de cidade quente!”. O reflexo do sol no chão cimentado tenta me cegar e o suor que escorre teima em me fazer parecer a pessoa mais desajeitada nesse final de tarde sufocante. Por um segundo eu praguejo contra a mãe natureza, embora no segundo seguinte esqueça completamente tudo ao avistar o início do muro de tijolos pintados em vermelho-terroso e sou inundada por pensamentos otimistas e motivadores que dizem: um passo a mais e uma inspiração profunda a menos. Estou chegando. Eu dobro a esquina e logo meus passos alcançam a soleira branca da porta marrom; desses marrons de madeira de lei antiga e pesada, dessas portas que parecem proteger os séculos que passam. A soleira branca da porta marrom da tua casa. Onde meu coração encontrou um lar. Ele se agita no peito e minhas mãos só faltam nadar no próprio ...