Cartão Postal
Minha mala está no chão aberta. Roupas e mais roupas e sapatos e souvenires se amontoam uns sobre os outros na bagunça esparramada entre a valise e o chão porque não me importa nada do que pude enfiar lá dentro se o que mais queria não pude trazer. As imagens de castelos, pontes, ruas e sei-lá-mais-o-que formam uma serpentina gigante de um lado. Eu as vejo e não consigo reconhecer nenhum desses lugares. Teria eu tirado todas essas fotografias? Deito na cama cansada. As horas de sono atrasado e a dor no corpo me pedem atenção. Muito embora eu feche os olhos esperando o sono selar minhas pálpebras, não é isso o que acontece. Meus olhos ardem, incontrolavelmente, e sinto que isso não tem nada a ver com o fuso-horário. Meu peito começa a tremer com o som dos soluços que estou prendendo porque não quero me ouvir chorar. Enterro o rosto no travesseiro, abafando aqueles suspiros que escapam e é tarde demais; mais uma vez derramo lágrimas por nós e nem me pergunto mais se tudo o que já chorei ...