tag:blogger.com,1999:blog-79810778207988842292024-03-27T03:36:35.958-03:00shelhassshelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.comBlogger47125tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-37470220727199556322024-01-14T21:54:00.000-03:002024-01-14T21:54:01.375-03:00BEL/SBBE<div style="text-align: justify;">Está frio. Gelado pra ser exata. É a primeira sensação que tenho ao passar pela porta de vidro automática. Ando pelo granito brilhoso toda feliz e ansiosa, pensando em todas as piadas e comentários que guardei pra esse momento. Todas envolvendo algo que vivemos sabe-se lá Deus quantos anos atrás. Mal sabe ele que essas lembranças me deram forças quando mais precisei.</div><div style="text-align: justify;">Observo o saguão enquanto subo pelas escadas rolantes. Há pessoas pra lá e pra cá puxando ou empurrando volumes, mas eu procuro apenas por aqueles com bolsas de colo, segura de que verei alguma logomarca Nikon.</div><div style="text-align: justify;">Um sujeito encostado no parapeito do outro lado me chama atenção. Nas mãos ele segura um telefone de flip quadradíssimo que o denuncia. Achei. Sigo ao seu encontro, mas agora bem, bem devagar. E lentamente vou anotando todas as pequenas diferenças que vejo ao observá-lo.</div><div style="text-align: justify;">Ele levanta a cabeça num movimento que declara que ele também está procurando algo. Levanto os braços e aceno, esperando que ele note. “olha pra cá. Eu tô aqui, sua peste”, penso exatamente no momento que ele me vê. No aceno cortês que ele me devolve sou lembrada de todas as pequenas gentilezas que me fez e solto um sorriso de alívio. Ainda é ele.</div><div style="text-align: justify;">Vamos nos aproximando devagar e quanto mais perto, mais evidente ficam as marcas do tempo em seus olhos e eu me pego imaginando tudo o que precisou acontecer para que ele estivesse de volta. Por segundos, nós hesitamos, um de frente pro outro, cada um carregando as relíquias de um passado recente. Ele quebra o encanto estendendo os braços e apesar do ar-condicionado e do caos que vivo, sinto o calor transbordar nesse gesto tão raro entre nós que meu coração derrete junto. E essa é a verdade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">shelhass, março de 2022 (editado em 14/01/2024)</div><div style="text-align: justify;">Baseada na música <i>아주, 천전히</i> por Bibi (비비)</div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-68870987574379358482023-07-20T19:40:00.000-03:002023-07-20T19:40:04.814-03:00buraco de alfineteTu embalas a rede com os pés, mantendo os olhos fechados. <div>Tenho uma vontade louca de te esmagar num abraço.</div><div>Me aninho ao teu lado sem dizer nada. Logo sinto tua respiração quente nos meus cabelos e penso nesse segredo que quero te contar. Hum-hum.</div><div>De quando, no escuro dos meus pensamentos... eu te sinto nas minhas digitais e minha mente gira loucamente com imagens que mais parecem saídas de um livro de olho mágico – tão extraordinárias quanto os segundos luminosos do meu corpo em êxtase. Será que lembras? Daquele momento no qual te pedi abrigo e a luz incandescente dos teus olhos marcou minhas retinas límpidas, feito o flash daquela Canon cinza antiga.</div><div>Sabes, às vezes preciso te dizer que era tudo real.</div><div>Nunca precisei falsear os reflexos brilhantes das curvas dançantes na minha mente. Até agora, nesse momento de calmaria, enquanto a tarde atravessa as frestas... minha cabeça de enche de borrões coloridos.</div><div>Lembras? Das nossas pernas entrelaçadas na sombra que a cortina produzia naquele dia que seguraste meu corpo feito a morada dos teus sonhos e eu te olhei tão intensamente quanto o sol em setembro, que por pouco as fotos que registrei daquele dia não queimaram. </div><div><br /></div><div>shelhass, dezembro de 2022</div><div>Baseada na música <i>Taking pictures of you</i> por The Kooks.
</div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-25830257605000923852023-05-21T22:41:00.001-03:002023-07-13T00:02:53.766-03:00entre laços Saio de casa nervosa. Ponho os óculos escuros que estão com as lentes arranhadas só para ter algo que esconda meu olhar. Vou andando apressada, mascarando a ansiedade com passos largos e amarrando meus cabelos de qualquer jeito, pois há muita tensão nos meus braços e não consigo me importar em como me pareço nesse momento – só quero que isso acabe.<div>Os ruídos de um domingo festivo me atingem, mas não consigo prestar atenção à musica, pois minha mente está inundada por pensamentos revoltos com o rosto dele. Meu corpo estremece e dou uma risada irônica pensando em quantas vezes minha pele já reagiu loucamente ao toque, ao cheiro, à proximidade dele. Não me entenda mal, eu não o quero de volta. Não depois de ter assistido nosso relacionamento se deteriorar lentamente feito o teto e as paredes que dividimos naqueles anos. Não, não mesmo. Mas minha mente segue imaginando... </div><div>Mas chega disso! – grito mentalmente balançando os braços no ar como se estivesse curtindo o show que acontece logo ali. Aproveito o momento e compro uma grande quantidade de cerveja na esperança de entorpecer a cabeça antes de perdê-la. Não dá tempo.</div><div>Ele chega ao ponto de encontro e entro no carro sem encará-lo. Ele faz alguma piada sem graça sobre minha bebida e eu respondo mal criada, como se já não tivéssemos vivido essa cena tantas outras vezes, e nesses breves segundos não parece como se o peso dos últimos anos ou as palavras que dissemos na última ligação estivessem em nossos ombros.</div><div>Mas o momento se desfaz quando meus olhos encontram traços de outra pessoa pelo tapete, perto do painel, no console... e então me recordo de como ele me emboscou em velhas memórias para me dizer que me substituíra por outra e como se a sandália de nós coloridos e as ligas de cabelo não fossem o suficiente, uma mensagem surge na tela do celular e ele prontamente responde, inclinando o aparelho para que eu não veja.</div><div>Não, eu definitivamente não o quero de volta, penso enquanto bebo longos goles da minha cerveja fria e amarga... </div><div>- Já?! Podemos?! – pergunta ele de repente, cortando as imagens rodopiando pelos meus neurônios. Entrego as chaves e digo tudo o que é necessário para acabarmos de vez com essa interação e fecharmos pra sempre essa porta que não para de se abrir com questionamentos dos dois lados, como se ambos não conseguissem parar de espiar entre a fresta aberta. Mas não suporto mais esses protocolos engessados de comunicação e rancor que se misturam na nossa separação, enquanto um filme cheio de interrogações passa pelas minhas ondas cerebrais, martelando as sandálias repousando ali ao lado dos meus pés...</div><div>Eu o olho diretamente sem dizer nada e me pego questionando novamente como pude amá-lo tão intensamente ao ponto de entrelaçar toda a minha vida na dele, a ponto de doar não só tempo e dinheiro, mas minha alma, sem supor que algum dia não haveria nada a não ser uma sensação pegajosa de náusea ao vê-lo com outra pessoa.</div><div>Não, eu não o quero de volta. Mas é difícil imaginar outra coisa nesse exato momento. </div><div><br></div><div>shelhass, abril de 2023</div><div><div>Baseada na música <i>Somebody Else</i> por The 1975.
</div></div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-23424142407003185042023-04-06T23:30:00.002-03:002023-04-06T23:30:50.152-03:00chuva ligeiraEu vim te olhando por entre meus cabelos. Pelas estantes de livros. Eu vim te olhando por entre as pessoas na fila. Eu simplesmente vim te olhando. <div>Silenciosamente meus olhos vem te pedindo que me olhes de volta. Silenciosamente meus olhos encontram os teus. Eu simplesmente desejo que vejas o que eu vejo.<div><div>...<div>Veja.</div><div>Em meus olhos eu te conto segredos. Conto-te histórias que ninguém mais sabe. Faço-te promessas que ninguém mais ouve. Ofereço-te o que precisas. Confesso-te... </div><div>... </div><div>E por fim eu desvio o olhar, para que o segredo seja só meu novamente. E por fim eu escondo o que sinto para que não possas usá-lo contra mim. Silenciosamente te dou o primeiro e o último abraço. Silenciosamente te dou o primeiro e o último beijo. Eu simplesmente te dou adeus.<div>...<div>Tu sorris.</div><div>Tua boca me diz para não ter medo, que não há dor. Tua boca me diz para não sentir nada. Tua boca fala apenas do que está por vir. Tudo o que podes me dar, tudo o que eu quiser.<div>...<div>E por fim te dou as costas, ignorando tudo o que passa de leve por nós, assim como nossos breves encontros. Assim como a chuva ligeira que me lembra de ti. Assim como o significado do nome pelo qual te chamo.<div>E o som dessa palavra ecoa, fazendo-me perceber que não quero te dar adeus. Quero que me olhes. Que me sorrias. Que saibas quem eu sou. Que reafirmo o que meus olhos confessam.<div>.</div><div>.</div><div>.<br /><div>Continuarei te olhando por entre meus cabelos. Pelas estantes de livros. Continuarei te olhando por entre a fila de pessoas. Eu simplesmente continuarei te olhando. <div>Silenciosamente meus olhos vão te pedir que me olhes de volta. Silenciosamente meus olhos vão encontrar os teus. E eu desejarei mais uma vez que me vejas e me sorrias. Que sejas meu milagre, meu refúgio. Meu nirvana, meu paraíso. <div><br /></div><div>shelhass, escrita original em 2013 </div><div>Baseada na música <i>Paradise</i> por Kim Jaejoong [김재중].</div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-38313338939403481212023-03-13T23:19:00.003-03:002023-03-13T23:25:47.871-03:00IndíciosLevanto e acendo as luzes. Começo a tirar as roupas do canto onde estavam e passo a organizá-las, mas não sei bem se separo por cores, tamanho ou uso (casual, esporte e assim por diante). Minhas mãos e uma parte da minha cabeça se ocupam com isso, mas sei que só estou arrumando meu armário tamanha madrugada porque não consigo dormir e as sombras do meu quarto me fazem lembrar do que se esconde nas esquinas do meu coração. Mas não estou certa se é algo que consigo resolver... e quando há muito a fazer por dentro, começo por fora.<div>Há muito mesmo o que fazer. Meias sem pares, calcinhas com elásticos frouxos e camisas com buracos que eu jamais percebi – deveria jogar fora? Não sei. São tão confortáveis. <div><div>Faço uma pilha disso para decidir depois. Há também fronhas e lençóis e algumas toalhas bem feias que mereciam virar pano de chão. E outra pilha (roupas que não cabem mais). E mais uma pilha (nunca usei/usarei). E já é de manhã. <div>Abro a janela pra sentir os primeiros raios do dia. Sento no canto observando as sacolas com os itens separados enquanto o vento passa curioso pelas cortinas, correndo pelo espaço como se trouxesse novos ares para o meu armário agora organizado. Penso brevemente em alguma coisa relacionada com <i>feng shui</i> e agradeço qualquer boa sorte que possa vir em meu caminho. <div>Tomo banho e um café ao som de <i>Continuum</i>. <div>Pausa para os <i>riffs</i> de guitarra. </div><div>- - -<div>Resolvo levar minha cachorrinha para um passeio matinal. O barulho dos carros se mistura ao som dos pássaros barulhentos das árvores da praça e dos passos apressados dos atletas amadores treinando. No meio do caminho, pets se encontram, se cheiram, e por fim se estranham e não se dão bem. Encontramos novamente o mesmo <i>chow-chow</i> caramelo com nome de personagem de anime, guiado pelo tutor conversador cujo nome sempre esqueço. O tutor, um sujeito interessante e bonito demais pra ficar puxando papo com mulheres desconhecidas na rua, faz com que eu me sinta muito consciente de como estou nesse momento (olheiras e o cabelo todo arrepiado). <div><div>Voltamos para casa bem contentes. A cachorra cansada e aquecida com o exercício e eu grata pelo flerte, mas tranquila em ter rejeitado mais um convite para uma água de coco. “Numa próxima vez” eu sempre digo. E sei que esse dia está demorando, mas como tantas outras coisas na minha vida, estou deixando numa pilha para ver depois. Quando eu estiver bem. Quando eu tiver espaço sobrando e novos ares puderem entrar. <div><br /></div><div>shelhass, escrita original em 2022 </div><div>Baseada na música <i>In Repair</i> por John Mayer e situações reais.
</div></div></div></div></div></div></div></div></div></div><div><br /></div><div>*<i>Continuum </i>é o título de um dos discos do Mayer</div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-79000026856764011452023-02-07T00:51:00.000-03:002023-02-07T00:51:52.981-03:00Cidade das MangueirasCorrer sob o calor abrasador dessa cidade úmida e abafada me faz sentir estranhamente fora do lugar. Logo eu que julgava saber o significado do calor, sempre me descubro pensando “diabos de cidade quente!”. O reflexo do sol no chão cimentado tenta me cegar e o suor que escorre teima em me fazer parecer a pessoa mais desajeitada nesse final de tarde sufocante.<div>Por um segundo eu praguejo contra a mãe natureza, embora no segundo seguinte esqueça completamente tudo ao avistar o início do muro de tijolos pintados em vermelho-terroso e sou inundada por pensamentos otimistas e motivadores que dizem: um passo a mais e uma inspiração profunda a menos. Estou chegando.</div><div>Eu dobro a esquina e logo meus passos alcançam a soleira branca da porta marrom; desses marrons de madeira de lei antiga e pesada, dessas portas que parecem proteger os séculos que passam. A soleira branca da porta marrom da tua casa. Onde meu coração encontrou um lar.</div><div>Ele se agita no peito e minhas mãos só faltam nadar no próprio suor. Eu tento recuperar o fôlego e sinto o rosto ardendo, não sei se pelo calor ou pela correria da minha caixa torácica. Eu ando de um lado para o outro tentando controlar a ansiedade. Sempre tão boba.</div><div>Te peço mentalmente que perdoe esse jeito meu. Algumas vezes sou tomada pela enormidade do que isso significa e não sei ao certo se consigo imaginar um momento em que nós dois não cabemos como um só. O que posso fazer se os teus passos fazem a trilha do meu caminho, e a tua morada é o meu refúgio?</div><div>Eu abro a porta e entro o mais silenciosamente possível. Entro no lavabo da sala e lavo as mãos, jogo água no rosto. São duas manchas vermelhas nas laterais do meu rosto. Parece uma reação alérgica, mas sei que é o calor. O calor impiedoso dessa tua terra.</div><div>De uma temperatura tão alta que às vezes tenho vontade de te dizer que não fui feita para viver numa estufa. Mas esse segredo não preciso te contar por que minha pele denuncia e em troca teus pelos se eriçam para dizer que estamos quites já que não te cai bem o frio cortante de onde venho.</div><div>O clima tenta nos abalar, mas atravessamos as estações como um tempo bom; céu aberto, sol forte e pancadas de chuva no fim da tarde. Feito o som que ouço das árvores balançando do lado de fora, anunciando a água que cai do céu religiosamente pelo menos uma vez ao dia, logo que o sol se põe.</div><div>Eu entro no quarto escuro, cortinas pesadas bloqueiam o resto da luz de fora e o único barulho que ouço é o som do ventilador girando e a tua respiração baixa e lenta. Eu te observo soltar o ar devagar e penso que essa é uma das coisas que vou sentir falta quando tiver que partir.</div><div>Balanço a cabeça uma vez para afastar o pensamento negativo e me deito de frente pra ti, me encaixando no espaço entre os teus braços e os nossos sonhos, certa de que ao fechar os olhos, eu acordo para uma vida só nossa, sem barreiras idiomáticas ou oceanos de distância.</div><div>Tu soltas o ar novamente e de olhos fechados me perguntas: </div><div>- Já voltou? </div><div>- <i>Yes</i> – eu respondo simplesmente. </div><div>- Já está tudo pronto? </div><div>- <i>Yes</i> – repito. </div><div>- Já temos que ir?</div><div>- <i>Yes</i> – só e nada mais. </div><div>Ele solta o ar novamente, os olhos fechados. É um suspiro. E eu aproveito a deixa e o pouco de tempo que nos resta para abraçá-lo por inteiro, um abraço aconchegante, para dividir tudo o que tenho, porque ele vale tudo isso.
Inclusive o peso dessa palavra que ainda não entendo, mas respeito. Essa saudade. </div><div><br /></div><div>shelhass, escrita original em 2014 </div><div>Baseada na música <i>Yes and nothing less</i> por Tiago Iorc.
</div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-52154132071462770142023-01-10T23:58:00.005-03:002023-01-31T19:10:52.677-03:00não tituladoÉ como se o ruído do vento nos meus ouvidos não significasse nada. O mesmo vale para a sensação de ardência que o frio e o movimento incontrolável dos meus cabelos provocam. A noite fria e escura me traz calafrios. Há tantas sensações, há tantos pequenos detalhes passando por meus olhos, encostando-se a meu corpo, mas eu simplesmente não consigo me concentrar em nenhum deles.<div>Não quando meu estomago flutua, cheio e vazio ao mesmo tempo, recolhendo-se assustado antecipando a queda. Uma vontade quase incontrolável de correr, pular e cantar a música que toca no rádio nesse momento, tão grandiosa, tão igual ao ritmo vulcânico em meu peito, aquecido pelo choque e calor que teus olhos produzem.<div>E pela primeira vez eu não tenho medo, não me sinto acuada. Não me importam as horas, nem a falta de luz. Não tenho ideia de para onde a estrada leva, nem quanto tempo levaremos para chegar lá.<div><div>Eu quero sorrir, te dar a mais doce gargalhada deste universo. Quero que sintas como me fazes bem, o quanto me fazes feliz nesse momento. Eu poderia colidir com o Fiat imundo que vem se aproximando pelo outro lado e ainda assim morreria em puro êxtase. Pois acima de tudo morreria me sentindo viva. <div>Sentindo cada célula, cada poro, cada gota de sangue marchando em minhas veias. Leve e vibrante como a cor do vestido florido que coloquei. <div>Eu teria o prazer de contar todos esses pensamentos se eu não estivesse ocupada em te guardar em cada gaveta da minha memória, para jamais te esquecer. Adicionando cada palavra que me vem a cabeça, seja ela abstrata ou não. As partes desse momento eterno, desde a leitosa luz da lua, a cor dos teus cabelos pelas luzes dos faróis, a areia irritante debaixo dos meus pés descalços... <div>E então quem sabe teríamos isso aqui para sempre. Para todas as vezes que eu quiser me lembrar. Por todas as vezes que eu quiser saber como ser o melhor de mim mesma, terei o calor dos teus lábios nos meus, a aspereza do teu rosto na minha bochecha. O calor dos nossos sorrisos na noite gelada, porque neste momento, és o melhor de tudo isso, se queres mesmo saber. <div><br /></div><div>shelhass, escrita original em 2013</div><div>Baseada na música <i>Summertime Sadness</i> por Lana del Rey.
</div></div></div></div></div></div></div></div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-19051368785442059902022-11-28T21:13:00.002-03:002024-01-06T21:03:46.096-03:00da(r) margem
<div style="text-align: right;"><i>"Cause life is just too short to keep playing the game. Cause if you really want somebody, you’ll figure it out later”<div><b>John Mayer </b></div></i></div><div style="text-align: right;"><i><br /></i></div><div>Eu engulo palavras que me rodeiam internamente enquanto passo os dedos pelos seus cabelos. As ondas passando pelas minhas unhas imitam a dança dos meus pensamentos – e não chegam a lugar nenhum. E ao sentir o toque suave da sua têmpora sob o meu polegar eu confesso silenciosamente que tenho medo. Medo de tentar novamente e perder o controle e colidir contra o muro alto dos meus sonhos; acordando assustada com o impacto dos sentimentos que tenho guardado. </div><div>Mas eu não digo nada. Sigo afagando seu rosto; encaixando meu sorriso animando no seu pescoço. Em algum momento nossas coxas se encontram e você descansa uma mão nas minhas costas. E eu não digo nada. Só sigo, fingindo não derreter cada obstáculo que pus entre nós.</div><div>E em cada troca dos meus lábios nos seus, eu deixo escapar o calor de todas as chamas acesas do meu coração. E em cada suspiro eu tremo na possibilidade de que tudo isso acabe e você se esqueça de mim.
Eu calo as palavras presas na minha garganta enquanto suas mãos viajam pelo meu corpo. Cansada de esconder, me sinto aquecer, vibrando pelo desejo de ter você por inteiro – e sem conseguir mais disfarçar. E ao sentir os seus pelos na minha pele, eu deslizo pela minha respiração até a margem, até dar margem ao que sinto por você. </div><div>Que queria guardá-lo nos meus braços assim que nos vemos no portão; te trazer pelas mãos para dentro da minha casa; e te mostrar a intensidade branda e calorosa das minhas emoções.
Mas tenho medo e pelo medo nada digo.</div><div>--- .... </div><div>--- ... </div><div>---... </div><div>E não quero que você diga nada. Só caminhe comigo.</div><div>Pois só eu sei quantos vulcões você acordaria com os mistérios do seu olhar. E ainda tenho medo do que nos aguarda do outro lado desses limites que nos cercam. </div><div><br /></div><div>shelhass, escrita original em dez. 2021 (editado na data de hoje)</div><div>Baseada na música <i>Edge of Desire</i> por John Mayer.</div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-12340407660710462352022-09-29T20:09:00.001-03:002022-09-29T20:09:58.188-03:00Em balançoNa velocidade do barco as risadas se somam à água batendo no casco e ao som da minha xará tocando no fone de ouvido. O céu de um azul tão azul que o horizonte se perde na luz intensa dessa manhã quente. Além do cheiro de sal e peixe passando pelos meus pelos, sinto baixo no estomago, medo e excitação, a endorfina veloz nas minhas orelhas vermelhas na mesma medida que o motor segue rolando. Os arrepios são anúncios do que nos aguarda pós desembarque. E assim que ponho meus pés na madeira molhada eu reconheço nas amigas que seguram as minhas mãos, o mesmo desejo de liberdade – conquistado e vivido até a última gota.<div>Nós rimos, dividimos ideias e opiniões, donas do que sabemos e sentimos. Nesse meio tempo as nuvens dançam, chuva se forma e ao invés de procurarmos abrigo, corremos pela alegria dos nossos corações na areia pesada e molhada. Galhofamos umas das outras, meu peito se enche de um amor completo, mas solitário; próprio e ao mesmo tempo universal. Amor por essa vida, essa experiência, esse vínculo com essas mulheres incríveis e enxergo claramente... </div><div>Tão claro quanto a manhã desse dia; enxergo que estou na minha pele. De volta pra mim. Em casa. Corremos em direção ao mar, apostando uma corrida de vencedoras. E enquanto eu desvio das pessoas na praia, eu agradeço em sorrisos esbaforidos pelo que é bom, pelo que vou encontrar de melhor nessa vida, por tudo que só me faz bem, convencida pelas batidas da canção que mereço o mundo e nada menos. </div><div>Estou em mim, nas águas da minha terra, rodeada pelas pessoas boas que trouxe comigo e é assim que tem que ser. Você sabe, não é?! Pode ir, eu te liberto, Amor. </div><div>Foi bom, foi incrível, e é assim que te guardarei nas paredes da minha memória. Vá com as ondas, que elas te carreguem em porto seguro. Aqui comigo só há espaço pra mim e seu peso já não mais me cabe, sou livre, sou leve. Mas se um dia der, nos veremos novamente. Nas ondas do mar ou da canção, saberemos quando for a hora, e se nunca for, tudo bem. “Pra ser ruim, nem quero”. </div><div><br /></div><div>shelhass, escrita original em nov. 2021 (editado na data de hoje) </div><div>Baseada na música <i>Voltei pra mim</i> por Marina Sena.
</div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-43036726846827279622022-08-13T23:38:00.000-03:002022-08-13T23:38:56.434-03:00Das luzes e almaNesses dias em que tudo parece simples e bom e normal, e existem luzes brilhantes e você deveria estar feliz e não está, porque nada faz sentido. Não quando você está no meio delas, sozinho, no escuro. Você anda e levanta a cabeça. E sorri e dá meia volta. E ouve cada palavra deles simplesmente porque eles podem. Seus passos são fortes e só. Pois na sequência tudo o que você faz é cair. <div>Cai na bagunça de lençóis e travesseiros. </div><div>Cai no choro. Num choro que quer dizer as tristezas mais profundas, as notas mais dramáticas da única música que quer ouvir ou até mesmo daquilo preso lá dentro; aquele pedaço sozinho, perdido e desesperado que não sabe de onde vem nem o que significa, mas que só sabe suspirar cansado o medo.</div><div>Como o compasso da canção. Medo. Medo. Medo. </div><div>Como o pulso do coração. Medo. Medo. Medo. </div><div>Nessas horas aonde o sol se vai pela janela e há tanto por ser feito, mas você não consegue ficar de pé e não existe motivo para ser forte. Quem disse que deve ser assim? Que você tem que sempre ser sorrisos, ser feliz, ser educado e amado e amante e eterno e belo e inteiro quando o compasso grita medo, medo, medo. E a escuridão toma tudo e há apenas essas luzes brilhantes.</div><div>Está tudo perdido, não vê? </div><div>Estamos todos perdidos eu e você. </div><div>Perdidos nesse mundo e nas convenções. Nesses valores que não significam uma lágrima derramada, mas que pedem para ser derramadas, já que alguém precisa sentir falta, alguém precisa lamentar essas dores e dúvidas que vem não sei de onde nem por que.
Pelos soluços e dor daquilo que se esconde no fundo.
Pelas almas e corpos que estão de luto.
Nesses segundos finais que falam alto do vazio, do medo e da dor e dessa escuridão, mas eu nada disso quero ver ou sentir, então vou chorar e chorar e chorar, com o pulsar e o compasso pelas vidas vazias, por minha alma perdida, pela luz que se apagou. </div><div><br /></div><div style="text-align: left;"><div style="text-align: right;"> <i>“A minha luz se apagou. Não existe nada mais negro do que um pavio”. </i></div><div style="text-align: right;"> John Steinbeck </div><div style="text-align: right;">O Inverno da Nossa Desesperança </div><div style="text-align: right;">Parte Dois – Cap. 22 </div></div><div><br /></div><div>shelhass, escrita original em jul. 2010 </div><div>Baseado na música <i>Lost Souls</i> por Doves e no livro <i>The Winter Of Our Discontent</i> (O Inverno da Nossa Desesperança) de John Steinbeck.</div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-66331400964533269592022-07-10T23:25:00.003-03:002022-07-10T23:36:36.672-03:00Vinte e tantos...O verão vem chegando. E com ele desenvolvi duas preocupações: aguar as flores da varanda para que elas não murchem e ligar o ventilador na máxima potência para sobreviver ao calor opressor. <div style="text-align: left;">No mormaço da sala enquanto o vento balança meus cabelos, eu me imagino num carro, correndo por uma interestadual qualquer a caminho de águas gostosas que aplaquem a sensação do verão na pele e me tragam o conforto com o qual eu sonho todos esses dias ao sentir o sol brilhar intensamente pela janela logo atrás de mim. E me pego lembrando de tantos verões atrás. Fecho os olhos e sinto como se pudesse pegar na tua mão ao meu lado, no banco de trás, quando eu ainda terminava os meus vinte anos e tu começavas os teus. </div><div><br /></div><div>Eu inspiro profundamente, como se pudesse sentir o cheiro daquele dia, como se ainda estivesse sentada no banco de trás ouvindo Pearl Jam cantar sobre filhas enquanto implicávamos uns com os outros ao tirar fotos com as piores poses e caretas possíveis. Lembro de dormir no teu colo em algum momento, embalada pelo meu próprio coração carregado de sonhos infinitos de nós dois. </div><div>Nos meus sonhos e nessas lembranças também, os teus olhos castanhos brilham intensamente feito o sol na janela logo atrás de mim; o calor do teu corpo parece o tempo nessa sala quente e úmida; e o meu sorriso carrega a vibração da tua voz cortada pelo vento que balança os meus cabelos cor de cobre e vai levando para longe esse dia, que cada vez mais vou lembrando cada vez menos. E não sei ao certo quantos desses “para sempre” de nós do passado, ainda conseguirei reter antes que o sol se ponha ou que o verão acabe. </div><div><br /></div><div>Abro os olhos encarando as flores na varanda e me ocorre que eu nunca tinha me importado tanto com flores como agora. Assim como tem tanta coisa que eu sei hoje que nunca soube ontem ou sequer antes.</div><div>Os meus cabelos trocaram de cor e de tamanho; os óculos que eu uso já não são mais os mesmos; e meus olhos embaçam com muito mais frequência do que eu gostaria. Nada durou pelo tempo que eu esperava, nem eu, nem tu. Mas quando o verão vem chegando e eu fecho os olhos para imaginar viagens longas de carro em busca de águas gostosas, eu volto a sentir tua mão na minha no banco de trás, o teu cheiro de algodão e alguma outra coisa vem junto com o vento balançando os meus cabelos enquanto eu canto, sem saber, sobre essa mão que oprime. </div><div>E todos aqueles sonhos ao entardecer com nós dois andando de mãos dadas infinitamente vão murchando, como as flores sob o sol impiedoso do presente; derretendo pelos anos que se seguiram e na beleza da nossa juventude passageira... </div><div>...de quando eu ainda terminava os meus vinte anos e tu começavas os teus... </div><div>À sombra da nossa juventude fugaz. </div><div><br /></div><div>shelhass, julho de 2022</div><div>Baseada na música <i>스물다섯 스물하나</i> por Jaurim e nos verões cujos brilho vem se apagando.
</div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-48598405894056579072022-02-28T17:38:00.003-03:002022-07-13T00:30:19.675-03:00Cartão PostalMinha mala está no chão aberta. Roupas e mais roupas e sapatos e souvenires se amontoam uns sobre os outros na bagunça esparramada entre a valise e o chão porque não me importa nada do que pude enfiar lá dentro se o que mais queria não pude trazer. As imagens de castelos, pontes, ruas e sei-lá-mais-o-que formam uma serpentina gigante de um lado. Eu as vejo e não consigo reconhecer nenhum desses lugares. Teria eu tirado todas essas fotografias?<div>Deito na cama cansada. As horas de sono atrasado e a dor no corpo me pedem atenção. Muito embora eu feche os olhos esperando o sono selar minhas pálpebras, não é isso o que acontece. Meus olhos ardem, incontrolavelmente, e sinto que isso não tem nada a ver com o fuso-horário. Meu peito começa a tremer com o som dos soluços que estou prendendo porque não quero me ouvir chorar. Enterro o rosto no travesseiro, abafando aqueles suspiros que escapam e é tarde demais; mais uma vez derramo lágrimas por nós e nem me pergunto mais se tudo o que já chorei não fora o bastante. Quantas vezes foram as que eu te fiz chorar? Não existiram ou sou apenas eu que não me lembro mais?</div><div>É engraçado como nossa memória funciona. Aqui estou eu sufocando meus sentimentos e tudo o que me vem à mente são os teus olhos cinzentos, nublados como o céu em setembro, e teu sorriso torto que diminui mais ainda teus lábios finos. Tocando meus lábios, ainda consigo sentir traços dos teus. Segurando meus braços, meus dedos fazem na minha pele os contornos das tuas tatuagens coloridas. Pelos meus cabelos, sinto tua mão passando de leve, como quem afaga uma criança.</div><div>Sei que não pude te explicar, mas realmente não sei dizer por que, ainda que eu possa sentir tudo isso, estar contigo é ainda pior. É doloroso. É tão difícil e ainda assim… eu tento, te juro que tento, mas não consigo te deixar sair do meu peito. Quanto mais eu tento, mais fico a esperar, quanto mais eu forço, mais me agarro ao que sobrou.
E é em momentos como este, mesmo depois de tudo o que passou, depois de um longo e solitário dia, que eu desejo – mesmo que minhas palavras e ações te digam o contrário – que estivesses aqui comigo. E ao pensar em ti, com o peito cheio dessa dor que só me atrevo a chamar de saudade, rezo para que teu peito esteja em paz.</div><div><br />shelhass, escrita original em ago. 2013<div>Baseada na música <i>너에게 기대</i> por Mate. </div></div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-80700484047100587592020-09-14T19:11:00.004-03:002022-08-13T23:41:31.482-03:00Lacerado<div style="text-align: left;">São momentos como este no qual te escondes por detrás desses óculos quadrados que me pergunto desde quando tenho ignorado os sinais. Eu, cuja maior fraqueza fora sempre a inabilidade de entender sutilezas, até mesmo eu, tenho percebido essas desculpas vazias e os segundos de silêncio e surpresa que antecedem cada uma delas.</div><div style="text-align: left;">E então, tenho essa dupla sensação de que te vejo pela primeira vez, mas que te conheço desde sempre. Como um desconhecido cujo rosto é familiar. Como um <i>déjà vu</i>. Como um sonho. Como as perguntas que me faço em pensamento.</div><div style="text-align: left;">Isso sou eu te odiando?</div><div style="text-align: left;">Sou eu te odiando como nunca mais havia feito?</div><div style="text-align: left;">Ou isso sou eu te amando?</div><div style="text-align: left;">Te amando novamente, mesmo que eu não tenha certeza?</div><div style="text-align: left;">E reconheço que não é a primeira vez que me faço essas perguntas, não é a primeira vez que duvido ou tenho medo. Nem sequer é a primeira vez que sinto estar à beira das lagrimas. Se eu chorar tudo o que posso por nós, serei capaz de alcançar algo?</div><div style="text-align: left;">Ao som do teu suspiro (Cansado? Desarmado?) minha mente desiste de responder qualquer coisa, visto que é tarde demais. O tempo já vira e fora e voltara e está tudo bem se tudo o que tens para mim são palavras de inverdades. Tanto faz.</div><div style="text-align: left;">Seja o que for esse sentimento, ainda avanço em tua direção, braços abertos. E teu abraço é forte e seguro como nos primeiros dias, igual ao meu desejo de ultrapassar teu peito, te perfurar o coração, me alojar nas tuas paredes e nunca, nunca mais te deixar.</div><div style="text-align: left;">E se eu nunca mais puder te deixar porque de fato estou te amando, como nem sequer me sabia mais ser capaz, então não terei medo de te soltar, porque mesmo que eu o faça, estarás para sempre comigo e o tempo haverá de passar por nós gentilmente.</div><div style="text-align: left;">O teu sorriso sopra de leve meus cabelos e só assim me dou conta de que todas essas palavras saíram de minha boca sem querer.</div><div style="text-align: left;">Então, pondo a mão de cada lado do teu rosto magro e gentil te digo claramente que não deves brincar com meu coração desse jeito, e se desejas fazê-lo que me esfaqueie no peito de uma vez e me deixes vazia, pois se não puder sentir o que sinto nesse momento, melhor que nunca mais sinta nada. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">shelhass, escrita orginal entre 2013/2014.</div><div style="text-align: justify;">Baseada na música <i>Tsuki to Knife</i> por Suga Shikao.</div>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-47324537464344583882014-09-04T13:38:00.002-03:002023-01-31T23:19:18.124-03:00Celeste Império<span style="text-align: justify;">Eu realmente não sei bem como me sinto ao esperar pelo ônibus num </span><i style="text-align: justify;">Sonntag*</i><span style="text-align: justify;"> tão quente, aberto e ensolarado que parece querer homenagear o próprio nome. Enquanto vejo o horizonte ondular no calor impiedoso, minha mente se abre devagar para as faíscas cintilantes dançando à sombra do meu coração. Pergunto-me se desejo mesmo me deixar encantar pela sua beleza fugaz.</span>
<div style="text-align: justify;">
Ainda indecisa, a condução chega. Vou de cara limpa, cores opacas, batom escuro. Minhas olheiras denunciam o cansaço e penso que fiz mal ao deixar meus óculos escuros para trás. Mas ele me surpreende dizendo que estou linda. Linda, linda, linda, ele ecoa. Eu viro para o lado rindo, vendo o sol.</div>
<div style="text-align: justify;">
...</div>
<div style="text-align: justify;">
O caminho é longo, vamos ao som de uma <i>playlist</i> sem sentido, que me move os lábios ao som do que ouço. Eu recito as letras sem som, observando o sol, enquanto ele brinca volta e meia com os meus fios de cabelo indomáveis, inflamados, maleáveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns versos parecem conversar diretamente comigo, aconselhando-me. Dando me força. Mas eu ainda não tenho certeza se sei bem o que estou fazendo. Receio o estrago dessa chama cálida que parece fluir pelo banco onde estamos sentados, ouvindo o ruído do motor misturado a baderna do trânsito. Receio o tamanho real desse conforto que ele me traz só de estar ao meu lado, lutando contra a vontade de segurar minha mão.</div>
<div style="text-align: justify;">
...</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas basta chegarmos ao destino para que eu me sinta em casa, rindo, falando bobagens, intimidando. Esqueço onde estou, o que penso que deveria fazer. Eu me perco no bem estar do calor que ele me oferece. E eu queimo sem saber, feito o sol nos meus cabelos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vamos às brasas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Afogueados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Crestados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Acalentados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Brilhantes.</div>
<div style="text-align: justify;">
...</div>
<div style="text-align: justify;">
E no refúgio dos seus braços eu penso e penso e penso. E tenho vontade de sorrir, de chorar, de cantar. Eu canto versos que ele talvez não entenda, porque no fundo, ainda receio dizê-los. Receio eu, escalda-lo com meus estilhaços. Receio machucá-lo ao invés de ampará-lo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso eu penso. E canto. E rio. E o recebo assim, sem dizer nada demais. Sem esperar demais. Agradecida pelos elogios singelos. Comovida com suas digitais no meu rosto, seu nariz nos meus cabelos, seus braços a me envolver.</div>
<div style="text-align: justify;">
Certa de que encontrei um sol particular.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um corpo celeste orbitando ao meu redor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Iluminando minha escuridão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Aos poucos.</div>
<div style="text-align: justify;">
...</div>
<div style="text-align: justify;">
Então eu finalmente me decido. Ou ainda, eu percebo que não sinto falta do frio ou das trevas. Que não tenho porque fugir da luz. Então na próxima vez, eu vou calçar feliz meu famoso e amado <i>allstar</i> vermelho. E em homenagem ao dia, colocarei meu vestido florido, e deixarei que ele segure minha mão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quer ele saiba o que isso realmente significa ou não.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">shelhass</div>
<div style="text-align: justify;">
Baseada em <i>Burgundy Shoes</i> por Patty Griffin e situações reais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>*do alemão: domingo, ou ao pé da letra, dia do sol.
</i></div>
shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-26712529420595726982014-05-22T20:49:00.003-03:002024-03-25T23:00:14.695-03:00fenômeno aparente<div style="text-align: justify;">Eu ando pelos corredores vazios e à medida que dobro cada esquina, me pergunto para onde diabos estou indo. Minha mente vagamente sussurra “lá”. Onde diabos é “lá”? Nem sequer sei por que estou dando voltas no mesmo lugar, seguindo as linhas do chão como se elas soubessem melhor do que eu meu destino.</div>
<div style="text-align: justify;">
É sexta e todos os caminhos estão lúgubres. Mas poderia ser qualquer outro dia, qualquer outra hora e ainda assim teria me sentido sozinha. Deixada para trás como uma criança esquecida na escola ou perdida na multidão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu dobro outra esquina observando a linha a frente de meus pés e por pouco não percebo que és tu passando por mim. Tu, acenando nesse gesto que herdamos de nossos ancestrais asiáticos. Nesse leve, quase imperceptível movimento de reconhecimento. E pela primeira vez eu não te devolvo. Finjo que não te vi e penso comigo mesma, que ironia é essa que nos faz cruzar caminhos quando meu coração busca incessantemente um lugar para ficar, sentir-se em casa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Às vezes, nesses breves encontros, me pergunto se em algum momento, a reciprocidade deste gesto milenar te revelou algo que meu rosto ou meus olhos nublados te escondem. Terei eu declarado meus pensamentos naquele leve sorriso? Parece que sim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Parece como se pudesses me ler. Saber que eu te convido para vir comigo pelos caminhos obscuros, para segurar minha mão, andar pela chuva. E como nos filmes, te daria um beijo. Dançaria e cantaria e te diria palavras bonitas e daria gargalhadas gostosas para te convencer a escolher tuas melhores palavras e fechar este dia, como se fosse à última vez. Ou melhor, porque seria a última vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
Antes mesmo que a chuva venha me dou conta de onde estou, do que faço. Eu vejo tudo, desde o teu corte de cabelo até o modo como as palavras que dizes me acertam o peito. Percebo o tempo que passa e o quanto resta até que eu tenha que te dizer adeus em definitivo. E tenho medo. Absolutamente aterrorizada pela realização de que tenho medo e que não tenho ideia se conseguirei encontrar respostas para todas essas perguntas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por quê? Porque eu? Porque tenho que sentir isso, quando vim te mantendo a um braço de distância exatamente para que não me fizesses triste, para que não me fizesses chorar, pois sei que esses sentimentos não são suficientes e o melhor que faço é aproveitar os breves, leves e imperceptíveis momentos no qual te encontrar levanta meu espírito, ou teu cumprimento me aquece o peito. E seguimos em frente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Temos de seguir em frente e por isso mesmo rogo à meus pés que não me abandonem neste momento e me levem adiante os poucos metros que faltam, não importa se meus pés estão machucados pelo <i>allstar</i><span class="st">®</span> vermelho que usei ontem ou se é porque meu coração se faz em pedaços ainda menores a cada passo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sigo em frente crendo que é isso mesmo que temos de fazer, não importando o quão difícil seja, ou se está gravado em algum lugar que é assim que deve ser. Contudo, ainda sufocando tudo isso dentro de mim, segurando tudo de mim, há algo enterrado fundo em meu ser que me impele a esperar que assim que eu atingir aquele portão, te encontrarei para o verdadeiro adeus, para as promessas tolas e os beijos desesperados. Para ter confirmado que és meu.</div>
<div style="text-align: justify;">
Meu neste momento final. Meu no mais humilde gesto. Ainda que tudo termine aqui e agora, porque esse é o ciclo que nos compõe – tudo acaba. Num momento, estamos aqui, existimos, nos achamos, e nos perdemos, e nos vamos. E terminamos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">shelhass</div>
<div style="text-align: justify;">
Baseada na música <i>Born to Die</i> por Lana Del Rey.
</div>
shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-63785606124120073102013-12-28T17:00:00.001-03:002014-08-25T13:09:09.453-03:00- Sobre ontem -<object classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" height="40" id="gsSong3009317788" name="gsSong3009317788" width="250"><param name="movie" value="http://grooveshark.com/songWidget.swf" /><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=grooveshark.com&songID=30093177&style=metal&p=0" /><object type="application/x-shockwave-flash" data="http://grooveshark.com/songWidget.swf" width="250" height="40"><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=grooveshark.com&songID=30093177&style=metal&p=0" /><span><a href="http://grooveshark.com/search/song?q=%EC%9D%B4%EC%86%8C%EB%9D%BC%20%EB%B0%94%EB%9E%8C%EC%9D%B4%20%EB%B6%84%EB%8B%A4" title="바람이 분다 by 이소라 on Grooveshark">바람이 분다 by 이소라 on Grooveshark</a></span></object></object>
<br />
<div style="text-align: right;">
(<i>In Memoriam</i>)</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A primeira vez que escolhi meu próprio corte de cabelo, eu tinha 11 anos. Estava de saco cheio de minha mãe dizendo “faça um Chanel” ao cabeleireiro toda vez que notava minhas pontas passando ameaçadoramente da metade de minhas costas. Eu me sentia triste.</div>
<div style="text-align: justify;">
Amava meu cabelo, o brilho forte contrastando no negro de cada fio, tão diferente do naturalmente minguado tom de amêndoa de minha mãe. Meu cabelo era uma das ligações mais fortes que tive com meu pai, tanto pela semelhança quanto pelas lembranças frágeis de um tempo onde ele ainda colocava minha cabeça em seu colo e passava a mão pelos fios dizendo: “você saiu com os cabelos da vovó e do papai”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez por isso eu odiasse cortá-lo.</div>
<div style="text-align: justify;">
E amasse essas noites. Lutava contra o sono sentindo sua mãe pesada, mas sempre perdia para minhas pálpebras cansadas. E algumas vezes, quando o corte me parecia severo demais e passava a semana aborrecida com aquilo, ele adicionava: “Logo, logo, vai estar de volta. Você é forte, eles crescerão rápido, você vai ver”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando eu tinha 11 anos, e escolhi meu corte pela primeira vez, disse: “pode cortar, mas faz parecer que ainda está grande, tá?”.
Agora aos 27, eu ouvia do cabeleireiro “é só para tirar as pontas, né?”. Olhei meu reflexo no espelho, a franja batendo no queixo e as pontas (que o espelho não mostrava) já alcançavam a linha da cintura. E estava triste. Mas ultimamente esse era meu único estado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Voltando pelo mesmo caminho, eu andava, observando o saquinho em minhas mãos. Anoitecera e eu quase não conseguia ver o conteúdo dentro. O vento frio anunciava a chuva da época que há semanas vinha batendo ponto naquela hora. Ele passava fazendo a barra de minha saia dançar pelos meus joelhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
E meus cabelos roçavam meu rosto. Fazendo-me lembrar das longas viagens de carro sozinha com papai, que me deixava baixar o vidro da janela, colocar o queixo na porta e esticar a mão para fora (só um pouquinho) para sentir o vento. O ruído ensurdecedor encobria o barulho que meus cabelos faziam ao acertar repetidamente o tecido do banco.</div>
<div style="text-align: justify;">
As paisagens, apenas um borrão aos meus olhos adolescentes me fazem companhia até hoje, até mesmo agora enquanto ando e mal posso distinguir o que vejo pelas lágrimas que tento conter.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ao dobrar na próxima esquina sinto a pele eriçar com as primeiras gotas frias que caem. Elas me seguem por todo o caminho, empoçando sob meus passos, como se estivessem se afastando de mim, como se na verdade, a chuva já tivesse passado e elas fossem apenas os traços de que ela esteve aqui na escuridão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como se fosse ontem, como se eu pudesse sentir as mãos pesadas de meu pai passando pelos meus cabelos curtos, vendo minhas lágrimas e dizendo: “Sua tola vaidosa, não mudou nada. Continua emburrada por causa de um corte e faz parecer uma tragédia. Logo, logo, vai estar de volta. Você é forte, eles crescerão rápido, você vai ver”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Mas eu mudei</i> penso puxando o conteúdo de dentro do saquinho. Passo os dedos pelos fios e o vento os vai carregando como se não fossem nada, como se não significassem nada. Tal qual o fez meses atrás quando baixei o vidro da janela, botei a mão para fora e chorei ao ver meu pai me escapando pelos dedos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O tempo vai passando. As noites e os dias e as viagens e eu, continuam sendo o mesmo que foram naquela época para ele, que já se foi. Mas eu mudei. Só eu. Minha tola vaidade desaparecendo no vento que passa assobiando em meus ouvidos o ruído ensurdecedor da saudade que sinto e do adeus que nunca dei.</div>
<div style="text-align: justify;">
As luzes dos postes criam círculos coloridos e brilhantes em minhas pestanas enquanto o vento passa carregando o que considerei mais precioso na vida. O próprio vento que não cansa de enfeitar minhas lembranças, soprando o vazio de cada uma delas dentro do meu coração, tão belas, frágeis e translucidas como os círculos coloridos e brilhantes que restam de minhas lágrimas.</div>
<div style="text-align: justify;">
E mesmo tendo herdado os cabelos de papai, não somos os mesmos. Nossos laços vão além do que conta o sangue. Minha maior ligação é amá-lo e essa é a verdadeira tragédia no meu dia. Sei que meus cabelos crescerão, mas ele não estará de volta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas ele tinha razão, sou forte. Mesmo com o vento passando por cima de minha cabeça feito sua mão e minhas lágrimas caindo como se fosse ontem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Shelhass</div>
<div style="text-align: justify;">
Baseada na música <a href="http://www.yourfavoritelyrics.com/viewlyrics.php?id=408234" target="_blank"><i>바람이 분다</i></a> por <i>이소라</i>.
</div>
shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-85952920565761129862013-09-26T13:21:00.003-03:002023-07-13T00:01:01.421-03:0026.09<span style="text-align: justify;">Pelos fones de ouvido ouço o som das cordas arranhadas. As notas ressoam em minha
mente, meu corpo, meu coração. Numa língua que tanto eu quanto tu desconhecemos
por completo, traduzo coisas que desejo poder te dizer neste dia especial. Eu
penso nisso, deitada ao lado das tuas camisas encardidas, que acabei trazendo
comigo sem querer.</span>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Depois
de um tempo, adormecida; sonho. Estou andando por entre as barracas coloridas
desta pequena feira de artesanato local. As pessoas andam de um lado para
outro, entretidas com os objetos expostos. Eu olho em volta, respirando o ar fresco de
outono, cheio de vida e de calor nesse final de semana ligeiramente ensolarado
e aos poucos noto que a mesma canção toca nos auto-falantes. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">As
palavras me tocam e não percebo que a multidão me empurra para o lado. E de
repente o som vivo ao meu redor explode, como se eu tivesse emergido da água. O
ruído dos carros, dos passos, das vozes, me faz sorrir mais do que eu teria da
piada idiota que alguém diz logo atrás de mim. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Meus
pés finalmente se movem. Ando olhando para os lados, nem sei por que estou a
tua procura, imaginando se estás usando aquela camiseta cinza com uma prancha
de surfe estampada nas costas. Me pergunto o que exatamente eu te diria nesse
momento. As palavras me fogem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Penso
na minha língua nativa e ainda assim, não sei o que dizer. Não sei como dizer.
Não sei o que é certo dizer. E mesmo que eu soubesse, será que eu conseguiria?
Teria eu força para não embargar minhas palavras com as lágrimas que costumo
esconder? É possível que eu não conseguisse, mesmo quando tudo o que preciso te
dizer é que realmente sinto muito.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E
então as cores mudam, as vozes, os cheiros, o ar. Ainda estou andando, mas as
barraquinhas carregam elementos de um outro lugar, uma outra cidade. O vento
que cheira a folha e mato tem um sabor especial. Ele anuncia a chuva.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E
quando ela começa a cair, em meio aos raios de sol, algumas pessoas correm. Eu
continuo andando observando o céu semi encoberto, piscando por entre as gotas,
e digo claramente em minha voz fraca: “feliz aniversário”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E
nessas palavras te desejo tudo o que não posso te dar. Tu, que fostes tão
amável. Tu, que me és tão querido. A ti desejo mais do que te dei, tu, ainda
sozinho naquela cidade distante. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A
ti, levanto minha voz, canto as palavras que tenho certeza estar pronunciando
errado, tentando ultrapassar o som da chuva e das folhas que balançam e te digo
mais uma vez: “sejas feliz”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">shelhass</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Baseada
na música <i>Happy Birthday </i>por Suga Shikao</div>
shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-59384037583732555702013-02-28T21:28:00.003-03:002013-02-28T21:28:35.309-03:00- Stephen - <object classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" height="40" id="gsSong18677584" name="gsSong18677584" width="250"><param name="movie" value="http://grooveshark.com/songWidget.swf" /><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=cowbell.grooveshark.com&songIDs=1867758&style=metal&p=0" /><object type="application/x-shockwave-flash" data="http://grooveshark.com/songWidget.swf" width="250" height="40"><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=cowbell.grooveshark.com&songIDs=1867758&style=metal&p=0" /><span>He Used To Be A Lovely Boy by <a href="http://grooveshark.com/artist/Keane/288" title="Keane">Keane</a> on Grooveshark</span></object></object><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<i>My lovely, lovely boy…</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda te lembras quando aprendi a palavra <i>lovely</i> e passei quase uma semana usando-a sem parar? Tudo podia ser <i>lovely</i> de repente, mas nada era mais <i>lovely</i> do que dizer <i>"Lovely, lovely Stephen</i>" na frente de Alistair e ouvi-lo dizer que eu era a única pessoa no mundo capaz de imaginar que essas duas palavras juntas pareceriam corretas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estou escrevendo novamente sobre nós, pois como sempre senti saudades e não tenho coragem de ouvir tua voz pelo telefone.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mesmo que a essa altura já tenhas desistido de olhar para o alto e estejas com os pés firmes no chão novamente do jeito que sempre quisestes. Mas eu havia te dito uma vez; alguns sonhos simplesmente não acontecem, eles permanecem como uma vaga lembrança em nossas mentes e pequenas manchas em nossos corações.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu ainda espero que seja qual for a marca que eu tenha deixado não te impeça de saber que eu não te abandonei lá atrás, só porque o vento não estava a nosso favor. Aliás, quem disse que te abandonei? Quem diz que te deixei, quando és a primeira coisa que me vem a mente quando ouço a palavra “Inglaterra”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu jamais poderia te deixar para trás, pois tu és por inteiro meu tempo, meu verdadeiro tempo. Aquele onde pude descobrir que não importa se minha casa não é meu verdadeiro lar, não importa se no meio de tantos iguais sou a única diferente, não importa se não tenho um motivo pomposo para viver... não basta que estejamos vivos?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>My lovely, lovely, lovely boy…</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que aconteceu, foi apenas que o tempo passou. Chegou a hora de deixar aquele lugar, aqueles sonhos, aquelas pessoas, mas não tu. Jamais tu.</div>
<div style="text-align: justify;">
Era tempo de acordar e perceber que por mais curto que tenha sido esse tempo, ele passou. Mas nunca, nunca deixou de existir. Eu jamais, jamais duvidei que tudo aquilo foi verdade, não importa se jamais te disse que te amei... não basta que eu tenha amado?</div>
<div style="text-align: justify;">
Fostes meu <i>lovely boy</i>. Meu<i> lovely Stephen</i>. E para sempre terei essa imagem queimada nas minhas retinas, soprada pelos ventos daquele inverno, nas notas de piano... em cada <i>lovely</i> que eu tiver que dizer, ler ou ouvir algum dia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não te esqueças que não importa que eu tenha ido, que eu tenha quebrado a promessa, que eu não tenha voltado... não basta que o tempo continue andando? Tu ainda tens tanto, tanto tempo...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Shelhass</div>
<div style="text-align: justify;">
Baseada na música <i><a href="http://letras.mus.br/keane/603855/#traducao" target="_blank">He Used to be a Lovely Boy</a></i> por <a href="http://www.keanemusic.com/" target="_blank"><i>Keane</i></a>.
</div>
shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-9369117123151941682012-11-07T11:17:00.000-03:002012-11-07T11:20:33.583-03:00- A necessidade de não ser inocente -<object classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" height="40" id="gsSong3567586576" name="gsSong3567586576" width="250"><param name="movie" value="http://grooveshark.com/songWidget.swf" /><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=grooveshark.com&songID=35675865&style=metal&p=0" /><object type="application/x-shockwave-flash" data="http://grooveshark.com/songWidget.swf" width="250" height="40"><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=grooveshark.com&songID=35675865&style=metal&p=0" /><span><a href="http://grooveshark.com/search/song?q=Rob%20Dougan%20Born%20Yesterday" title="Born Yesterday by Rob Dougan on Grooveshark">Born Yesterday by Rob Dougan on Grooveshark</a></span></object></object>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br />
Eu odeio parada. Acho inútil e tolo. Fútil e sem necessidade. Mas hoje por um motivo completamente diferente o ritmo da marcha me encanta. As cores das fantasias e uniformes parecem lindas e brilhantes. E os carros enfeitados são ainda melhores.</div>
<div style="text-align: justify;">
E me pego sorrindo. Um sorriso próprio. Encantado, deslumbrado. O sorriso que o meu eu criança deve ter dado várias vezes quando tudo isso ainda era fascinante – quase como agora.
Quando a cavalaria se aproxima e não me afasto do lugar ainda hipnotizada pela grandeza do animal imponente.</div>
<div style="text-align: justify;">
De repente alguém segura minha mão e me arrasta para trás sem cerimônia.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Cuidado aí, hein!</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu nem preciso olhar para saber quem está falando, mas não é isso que me incomoda naquele momento. O que me desconforta e tira meu sorriso infantil do rosto é sua mão na minha. E antes que eu pense nisso retiro-a da minha sem qualquer cerimônia, um movimento que seria mais adequado caso uma sanguessuga me tivesse atacado. Quem sabe não fosse isso?</div>
<div style="text-align: justify;">
Logo, meu interesse por toda aquela fanfarra se vai e no lugar dela ondas de um sentimento nada agradável me fazem respirar fundo, controlando a força do choque em minhas barreiras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas fazer aquilo era a cara dela.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como se ela esperasse exatamente aquele momento para lembrar-me que estava comigo, atenta para não me deixar ser levada pelas ondas e me perder de vista. Pois em sua mente ela acredita mesmo que eu não seria nem mesmo capaz de lembrar meu nome e dizer “me ajude a voltar para casa”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas eu sei que deixei isso acontecer. Deixei-a crer que nada sei; nada posso fazer. Deixei-a abusar de mim em cada palavra dura, em comentários venenosos, em atitudes violentas. Quantas vezes não me arrancou um pedaço e agiu como se não fosse nada só porque não chorei e lhe disse o quanto doía?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas essa era eu. Com um sorriso inocente no rosto, lhe pedindo que tomasse conta de mim, pois eu acreditava que não sabia mesmo nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
E depois de tantos anos, ela não é capaz de enxergar que tudo isso mudou. Ela não enxerga que meus sonhos não são mais pequenos contos de fada. Ela não entende que só porque ainda estou aqui, não quer dizer, que amanhã não possa ir-me. E só porque nada digo, não significa que nada tenho a dizer.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu lhe dou as costas e vou andando com passos firmes no ritmo da marcha que me acompanha – a do meu coração. Em menos tempo do que imaginei, ela me alcança, tenta me segurar pelo pulso, mas me desvencilho de seu toque.</div>
<div style="text-align: justify;">
Lentamente me viro e lhe dou um olhar vazio e um sorriso duro, pois é só o que tenho para lhe oferecer. E antes que ela possa usar do mesmo velho truque eu lhe digo:</div>
<div style="text-align: justify;">
- Não pense em me seguir. Nem pense em me impedir de fazer o que tenho de fazer. Não pense que ainda sou inocente o suficiente para acreditar nas suas intenções. Aliás, não faça nada, só me esqueça.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu volto a caminhar. Cada passo é um novo andar. Tão desajeitado quanto eu, que acabei de nascer de verdade. Sorrindo com minha primeira conquista. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-3ZNoDnRien0/UJpqGXFAN-I/AAAAAAAAE2A/6lGI5QZPtOM/s1600/niceguy9-00514.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="360" src="http://4.bp.blogspot.com/-3ZNoDnRien0/UJpqGXFAN-I/AAAAAAAAE2A/6lGI5QZPtOM/s640/niceguy9-00514.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
Shelhass<br />
Baseada em <a href="http://letras.mus.br/dougan-rob/398621/" target="_blank"><i>Born Yesterday</i></a> por <a href="http://www.robdougan.org/" target="_blank"><i>Rob Dougan</i></a> e levemente inspirada pelo maravilhoso drama coreano <i>Nice Guy (</i><i>세상 어디에도 없는 착한남자)</i>.
shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-90058315486804100642012-09-08T22:37:00.004-03:002024-01-17T17:11:27.375-03:00Queimaduras do Frio<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O som das minhas botas marrons ecoa nas
fachadas da rua vazia, soturna. Eu acelero os passos na esperança de chegar
mais rápido, mas quanto mais ando, a curva a frente parece ficar mais longe.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">Olho para trás e a tua figura me segue. A armação dos teus óculos cintila pelas luzes do poste. </div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">Vou em frente, desejando chegar rápido, mas paro. Olho em volta as casas solitárias e
imagino se me pareço com elas.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<i><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Tec. Tec.</span></i></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Meus passos retornam e sinto vontade de sumir,
desaparecer no ar.</span></div><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">Me sinto cheia, sufocada,
tão, tão pesada.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">Ando mais rápido e o vento frio arranha meu
rosto, feito uma toalha gasta. E nada, nem mesmo o ardor do tempo na minha pele
é capaz de me impedir de correr. O ar gelado que eu puxo, me aquece
enquanto eu disparo, desejando que meu corpo aguente a dor que
se expande no meu peito com cada respiração.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Entro na casa, subo as escadas e bato a porta com tanta força que os vidros da janela azul balançam. E
eu respiro. </span>Respiro engolindo as lágrimas não
derramadas. Respiro e respiro tentando acalmar meu peito, tentando diluir o
cansaço no suor que o frio mascarou.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Ponho a testa no vidro ainda condensando e
tento entender o que há de errado comigo.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Voosh...</span></i></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O vento que balança a barra da minha saia me
faz levantar os olhos e lá estás. Teus olhos sombreados por detrás dos óculos,
como uma terrível barreira entre o que minhas pupilas gritam e as tuas silenciam. </span>Mas eu mal consigo manter meu pulso calmo.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E tiras teus óculos com um gesto tão ancestral quanto teus olhos denunciam. E me viro para a janela esperando que
isso te faça ir embora.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<i><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Tic-tac. Tic-tac.</span></i></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Ouço o quase imperceptível marcar das horas
no meu relógio. E tento combinar esse som ao ritmo do meu coração. No
exato instante em que penso que ele vai relaxar, sinto teus braços em volta de
mim e encostas teu queixo bem no alto da minha cabeça. </span>Minha pele se retrai e sinto calafrios de cima a baixo, como quem acolhe, aceita e pede que por favor ‘fique, fique
comigo’.</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E me surpreendo ao perceber que são tuas essas
palavras.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E nelas eu encontro o suficiente para me fazer
partir, sumir, desaparecer.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Eu me despeço dessas partes de mim que reúno uma sobre a outra para me manter aquecida, longe da geada que passa por nós. Ponho tudo isso de lado rezando para que o que
vejas seja o suficiente para derreter tua armadura. Esperando que cada parte
minha que desnudo mostre o quão crua tuas marcas jazem.</span><br />
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><i>Ah.</i> </span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O teu suspiro quente nas minhas veias.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O som da tua respiração abafada.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O ritmo das tuas mãos arde nas marcas que o
frio esconde o tempo todo. E eu me sinto tonta com cada sensação, cada pedaço
de mim que responde a ti, como se o alinhamento dos nossos
pulsos fosse a única forma que encontramos para nos manter aquecidos. A salvo.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E por um breve momento me sinto sob o sol escaldante da minha terra úmida. Longe
desse ar pesado e sufocante que respiro quando preciso te ver. Quando quero te tocar.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Pois apesar de deixar o calor insuportável quando
arranco minhas raízes porque preciso, necessito, tenho que te encontrar e me jogo
sob o céu na esperança de te alcançar antes de cair, sabendo que por mais gelado
que esteja encontrarei o mesmo toque cálido quando me tiveres nos braços.</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E vais me dar todo o calor que eu preciso. Vais
me trazer o verão que nunca conseguimos compartilhar, mesmo que eu precise arder
no teu inverno primeiro. </span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br />
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">shelhass (editado em 17/01/2024)</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Baseada em <i>Swoon </i>por Big Deal</span></div>
shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-9019635230267727972012-01-13T14:38:00.003-03:002024-03-25T22:59:50.639-03:00os primeiros diasEu me senti tão nostálgica hoje. Coisas pequenas do meu dia-a-dia têm me feito chorar como uma criança perdida na quermesse. O calor desses dias tem estado opressivo e me sinto oprimida. Tenho vontade de andar com abandono pelas próximas horas, fumando um cigarro atrás do outro, escondendo meus olhos inchados por trás das de um <i>Marc Jacobs</i> com aro de tartaruga que me deixa com ar de ressacada. <br />
Parece estranho, mas essa sou eu. Olhando para alto enquanto as árvores balançam ao sabor do vento e logo em seguida dou três ou quatro tropeções na calçada de pedras portuguesas. Os taxistas riem. Eu ignoro. Meu tornozelo parece estranho por um momento, mas eu ignoro. Algumas pessoas na praça olham, e eu ignoro. Hoje é um desses dias. <i>Down the memory Lane</i>*. Eu gosto dessa expressão. Me faz lembrar dos dias em Londres e como eu andava por horas esperando que meu peito se esvaziasse de alguma forma da saudade de casa.<br />Me faz lembrar dos dias nebulosos, mas eles não se comparam aos nebulosos dias dessa cidade tropical. Aqui, o céu nunca parece baixo e por mais cinza, essa umidade grudenta nunca deixa a pele; ela fica em volta e quando se respira o cheiro de mato, de folha, está lá. Se eu estivesse em <i>Westminster</i>, entrando e saindo das ruas residenciais, respirando o ar espesso e opaco como uma cortina de fumaça e poluição – o que isto é na verdade – eu provavelmente não sentiria cheio de nada. E eu desejaria esse cheiro de terra, de folha, como nunca.<br />
Agora é o contrário. Eu vago pela minha cidade natal com o peito cheiro de tristezas e saudades de um tempo tão confuso que nem sequer posso lhe dar um nome. Eu subo as ruas residências do meu bairro burguês olhando as garotinhas usando shorts jeans e óculos que parecem duas vezes maior do que o rosto de qualquer uma delas. E eu penso nas senhoras que usam pulôver. <br />
Eu só vejo as diferenças, do meu mundo e do tempo. Mas eu desejo que não fosse tão sentimentalista. Eu não sou esses mundos, sou apenas eu mesma. Sou feita dessas memórias escondidas em cada passo que dou nesse <i>Converse</i> desconfortável. Sou essas camisetas grandes que uso, tomadas das pessoas que eu mais quis ter perto de mim. Sou esse jeito de empurrar os óculos por baixo com o dedo médio – um gesto que comecei a imitar da minha avó sem perceber.<br />
Sou as experiências do mundo que deixei para trás e que passo nessa minha cidade quente. É aqui que me encontro. É onde minhas memórias são mais vivas e eu as guardo com tanto, tanto carinho... e ás vezes tanto pesar que eu decido escrevê-las ao menos uma vez. <br />
Não sei se pelo fato de mais um aniversário em família estar se aproximando ou se é só idade. Se são esses momentos ao lado da minha avó, enquanto ela me conta sobre pessoas que eu nunca conheci, de momentos que eu era nova demais para lembrar ou simplesmente coisas que eu ainda não sei. Esses momentos pequenos sobre a vida e eu me pego pensando com quem eu vou compartilhar essas memórias e se eu sequer vou ser capaz de retê-las comigo para sempre. Então antes que e a velhice ou a doença as roube de mim, eu prometo que vou escrevê-las.<br />
Talvez ninguém as leia. Quem quererá saber? E de alguma forma isso me acalma. Não me dá a segurança que eu procuro, não é como um livro que alguém vá ler, uma música que alguém vá escutar, ou um filme que alguém vá ver. Mas é a espécie de agradecimento que eu posso dar ao mundo por ter estado aqui. Pois é exatamente dessa forma que eu vejo meus mundos. Essas faces de mim mesma. E de alguma forma, sinto meu peito mais leve.<br />
<br />shelhass<br />
Baseada na música <i>Hometown Glory</i> por Adele. E de uma forma ou de outra, inspirada pelas incríveis 9 horas seguidas lendo <i>One Day</i> de David Nicholls.<br /><br />
<i>*do inglês: aproximadamente “descendo pela rua da Lembrança”.<br /> </i>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-73676330871449105662011-12-27T15:20:00.001-03:002014-09-04T10:34:28.131-03:00- Uns*. We**. Nós. - #3 -<a href="http://vimeo.com/30148209">Clueso - Beinah</a> from <a href="http://vimeo.com/clueso">clueso</a> on <a href="http://vimeo.com/">Vimeo</a>.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu tive Saudades. Dos mínimos aos mais óbvios detalhes. Depois tive medo. Medo de cair e nunca mais parar, nunca chegar a lugar algum. Em seguida desespero. <b>Batendo</b> braços e pernas pra não descer ao fundo. E enquanto tudo isso acontecia eu pensava apenas em todos os meus erros, tentando pesar minhas decisões falhas e rezando para que eu pudesse corrigi-las a tempo, mas tempo não tive e a única oportunidade me foi roubada. Roubada por ti. Quanta ironia. </div>
<div style="text-align: justify;">
O encanto do nosso encontro foi mais forte. Tão forte quanto o gosto de <i>Camel</i> ou a densidade da <b>fumaça</b> dançando nos meus <b>olhos</b>. As <b>luzes brilhantes</b> de um <i>Boxing Day</i> tipicamente britânico me hipnotizava. E lá estavas sentado nos degraus levianamente olhando-me por entre os cílios. Tinhas as maças do rosto queimando do frio, o olhar duro e uma atitude tão seca quanto minha boca. Quanto tempo faz... </div>
<div style="text-align: justify;">
O que exatamente te fez me procurar depois eu não tenho como saber. Se foi mesmo o modo como meus cabelos brilhavam sob as luzes ou a forma como eu os bagunçava... já nem me importo mais. Quanto mais penso nisso mais me convenço de que tudo não passou de uma brincadeira. Jogamos, apostamos e perdemos juntos, a diferença está apenas no que desejávamos ganhar. Eu <b>corri</b>, <b>pulei</b> e me <b>desdobrei</b> por entre os <b>obstáculos</b> que tivemos tentando fazer o que era certo, para que déssemos certo, mas e quanto a ti, o que esperavas de mim? </div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto de mim realmente aceitastes de <b>braços abertos</b> e o quanto desejavas moldar a tua vontade? Quanto do meu <b>ritmo</b> realmente acompanhastes? Estou te magoando agora ao provar que meus sonhos românticos já foram <b>enterrados</b> entre os <b>ângulos</b> que nunca te permiti chegar? Pois sim, é verdade, eu quase te amei. </div>
<div style="text-align: justify;">
E não foi graças à profundidade das tuas <b>adagas</b> venenosas na minha carne, ou dos <b>pedaços</b> de nós que me lançastes em teus momentos de raiva. Foi do pouco que eu tive coragem de aceitar. Das tuas passagens <b>cinzentas</b>, do teu jogo de <b>espelhos</b> e <b>neblina</b>, do brilho solitário no teu olhar e até mesmo da tua voz no meu silêncio. Foi por isso que quase te amei. E por isso chegamos aqui, não entende? Eu sabia de cada passo que eu dava. Eu podia ouvir as batidas se eu fechasse os olhos por um minuto. Eu não caí, <i>my darling</i>, eu <b>despenquei</b>. Fui enganada pelas tuas passagens escondidas e pelos becos sem saída. Assim <b>destruístes</b> o que quase senti por ti. E no desespero arranquei teus punhais e a cada lágrima derramada, a cada ligação caindo em caixa-postal, cada palavra escrita, uma <b>lasca</b> do que fomos, do que somos e quem sabe do que poderíamos ser foi caindo ao chão, foi se espalhando ao meu redor como as <b>faíscas</b> de uma <i><a href="http://freebiesfireworks.com/images/RomanCandle.jpg" target="_blank">Roman candle</a></i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
E nos <b>estilhaços</b> do que foi o coração que eu quase te dei, eu pude entender que ele não seria o suficiente. Nem para mim, nem para ti. Menos ainda para nós. Deverias ter me deixando no meu mundo, mas agora que entendi onde erramos, eu posso fazer isso, eu posso finalmente te deixar ir, mesmo que tenhas <b>partido</b> primeiro. </div>
<div style="text-align: justify;">
Agora eu não posso mais guardar nada de <i>Nós</i>. Nem de quando fomos <i>We</i>, ou se pudéssemos ser <i>Uns</i>. Aos poucos estou aprendendo a te deixar ir. Aos poucos eu vou te encontrando enterrado na <b>pele</b> e aos poucos vou te dizendo adeus. Mais uma vez é só o que posso te ofertar. Como poderias tu esperar meu coração quando <b>pisastes</b> nele ao atravessares meu caminho? Poderia ser irônico, mas só tenho humor para o que é triste. E foi por tão pouco. </div>
<div style="text-align: justify;">
Por tão pouco eu não te amei de verdade. Um pouco mais de tempo e terias me segurado na palma das mãos – e a ironia me persegue quando vejo que a primeira vez que escrevi sobre nós eu falei sobre isso, mãos que seguram. Por tão pouco - um triz, ou um dedo? – não me ganhastes. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mais um dia e eu não teria escapado das tuas <b>redes</b>. Menos do que eu te disse, do que escrevemos, do que me esperastes e eu quase teria me arremessado nos teus braços. E mais do que um adeus, neste momento eu gostaria de te oferecer meu respeito – se de algum valor ele for – ou somente minha gratidão – se ela puder ser recebida. Eu quase te dei mais do que eu posso, mais do que tenho, eu quase me permiti jogar tudo pro alto. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quase, quase que eu te amei e por mais verdadeiro que isso tenha sido, teu falso amor não foi capaz de me prender. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quase, quase que <b>desvendastes</b>. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mais um pouco e eu teria trocado tudo por nós. <br />
<br />
<br />
Shelhass<br />
Baseada na música <a href="http://letras.terra.com.br/clueso/1858666/" target="_blank">Beinah</a> por <a href="http://www.clueso.de/" target="_blank">Clueso</a> e no videoclipe da mesma.<br />
<br />
*<i>do alemão</i>; Nós<br />
**<i>do inglês</i>; Nós</div>
shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-54000983369866652522011-10-18T22:07:00.005-03:002014-09-04T10:38:35.162-03:00- Uns*. We**. Nós. - #1 -<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="http://www.youtube.com/embed/c-I3cLiptlM?fs=1" width="480"></iframe></div>
<br />
Hoje eu não senti falta de ti. <br />
No <i>I miss you</i>. <br />
<br />
Eu senti <i>Saudades</i>. <br />
<br />
Aquela palavrinha que sempre me fez pensar cinco, seis vezes antes de traduzir. E não imaginas o quanto eu gostaria de poder ter todos os verbetes desse mundo para te dizer como isso dói. Para te mostrar como me trás lágrimas aos olhos. E quase me faz desistir desses nossos anos. <br />
Mas eu imagino que não deva ser fácil para ti, certo? <br />
Afinal, nós sempre fomos esses pequenos detalhes.<br />
Pra mim, sempre serás como gosto de Pepsi e cheiro de tabaco. <br />
Terás o toque macio de uma camiseta de algodão.<br />
E os olhos cinzentos como essa cidade num dia de chuva.<br />
Serás sempre parte do meu dia, em cada coisa que me lembrar de ti.<br />
<br />
Mas eu inevitavelmente sentirei <i>Saudades</i>.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
E vou desejar ardentemente por um momento tipicamente nosso. Um dia frio, para que possamos sentar nas escadas da porta e dividir um cigarro. Eu vou sentar no degrau mais alto e descansarei minha cabeça nos teus ombros e te deixarei brincar de desenhar círculos nas costas da minha mão com o polegar. Eu vou roçar meu nariz gelado no teu pescoço e vais rir. E assim ficaremos até que eu não aguente mais o vento gelado no rosto ou teu irmão nos encontre e tente tirar uma foto para provar as pessoas que nos comportamos como dois tolos apaixonados quando não há ninguém por perto.<br />
Sim, eu vou imaginar com toda a riqueza de detalhes.<br />
<br />
Mas ainda haverá <i>Saudades</i>.<br />
<br />
E então finalmente, eu terei medo. <br />
Terei medo de ir a tua procura e não te encontrar, por ter esperado demais.<br />
Ficarei pensando se algum dia teremos coragem de encarar essas dificuldades e sermos sinceros em relação ao que somos. Teremos nós coragem de encarar a verdade? <br />
Será que algum dia nós vamos descobrir que não era pra ser assim e fizemos tudo errado? Será que vamos realmente fechar os olhos e nos jogar na água fria, ou será que já fizemos isso? Estamos de fato nadando, ou estamos à deriva?<br />
<br />
Eu simplesmente tenho medo.<br />
<br />
Medo de ter perdido chances de segurar tua mão e nunca mais soltar. Medo de não ter segurado direito e me descobrir envolvendo apenas as pontas dos teus dedos. Medo de descobrir que não pulamos; estamos pendurados na beira do penhasco. <br />
<br />
Eu me pergunto se eu, tu, nós estamos próximos do fim.<br />
Estamos?<br />
Estou te perdendo?<br />
<br />
<br />
Shelhass<br />
Baseada na música; <a href="http://letras.terra.com.br/clueso/1435470/traducao.html"><i>Gewinner</i></a> por <a href="http://www.clueso.de/"><i>Clueso</i></a> e no <a href="http://www.clueso.de/Videos/Musikvideos.html">videoclipe da mesma</a>.<br />
<br />
<br />
*<i>do alemão;</i> Nós<br />
<i>**do inglês; </i>Nós<i> </i>shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-87102819826426380532011-09-28T00:59:00.007-03:002014-09-04T10:40:25.245-03:00- Laços -<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<object height="40" width="250"><param name="movie" value="http://grooveshark.com/songWidget.swf" /><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=cowbell.grooveshark.com&songIDs=26280773&style=metal&p=0" /><embed src="http://grooveshark.com/songWidget.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="250" height="40" flashvars="hostname=cowbell.grooveshark.com&songIDs=26280773&style=metal&p=0" allowScriptAccess="always" wmode="window" /></object><br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;">I carry your heart with me</span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;">(I carry it in my heart)</span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;">I am never without it</span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-size: x-small;">(anywhere I go, you go, my dear)</span></i></div>
<div style="text-align: right;">
<b><span style="font-size: x-small;">- <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/E._E._Cummings">EE Cummings</a> -</span></b></div>
<br />
Então teus lábios pálidos e secos moveram-se do meu lado. Tuas palavras inundando meu ouvido. O som da tua revelação viajando no meu consciente. <br />
Quem nunca esperou por essas palavras? Oh, destino. Que me permitiu ouvi-las quando eu menos as esperando estava; quando eu menos as queria! E elas passaram por mim, por todas as minhas células, por todo o meu sangue, selando minhas veias, roubando meu oxigênio, condenado meu corpo no estupor de um momento que deveria ter sido o ponto mais alto dessa coisa que nós vivemos, e que terminou sendo aquele mesmo instante, o próprio segundo no qual o que carrego no peito mal agüentava seu próprio peso. <br />
<div style="text-align: left;">
</div>
Porque agora? Eu me perguntaria. Do que valeu ter esperado o momento se abater sobre nós? Agora que as sombras estavam ali, o que me desejavam essas palavras? Porque eu me importaria como elas vieram, com a ajuda de quem? Se sabíamos, ambas, que não conseguirias mais segurar as barreiras que me protegeram lá dentro. <br />
Porque houve muito tempo, tempo suficiente para acabar com essas dores tardias, e com o peso do que carregavas que viria à luz, num dia qualquer. Num Setembro qualquer.<br />
<div style="text-align: right;">
</div>
E assim a história termina. Termina no começo. No simples fato de que eu me segurei a ti com toda a força dentro do meu frágil coração, me fundi, me enrolei a ti, pelos laços que não podiam se rompidos por anos, ou vontade. Porque o meu amor e a minha necessidade faziam choro nos meus olhos e gritos na minha boca.<br />
Mas era tudo demais, não era? Havia um peso muito grande em me ter nos braços. Eu não era mais uma possibilidade. A minha realidade, o meu desamparo, meu coração, meu amor, desestabilizou a tua balança, e limpo e verdadeiro como o corte que me separou de ti, a tua escolha fez o resto.<br />
Mas as tuas palavras não. As tuas palavras me prendem ao passado. Quando eu penso que já posso partir enfim, quando eu vejo que chego mais longe, a verdade é que a corrente no meu peito apenas ficou maior, mas nunca deixou seu lugar, nunca me libertou daquele Setembro, daquele dia.<br />
E não importa o quanto eu dilacere minha carne. <br />
Não importa nada.<br />
O teu peso, somado no meu coração, que mal comporta o que me permito sentir, continua lá. Dentro de mim, pulsando e escoando e vivendo pelos anos que vieram e que hão de vir.<br />
Pelas batidas, pelas palavras e pelo som.<br />
Pelo simples fato de que não posso jamais mudar o que somos, quem somos.<br />
Mas também não posso perdoar teu injusto adeus.<br />
<br />
<br />
Shelhass<br />
Baseada na música <i><a href="http://letras.terra.com.br/florence-and-the-machine/1693591/traducao.html">Heavy In Your Arms</a></i> por <i><a href="http://florenceandthemachine.net/">Florence + The Machine</a></i>. E nos laços familiares, sejam eles bons ou ruins. </div>
shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7981077820798884229.post-60463379080074680692011-09-13T16:11:00.002-03:002011-09-13T16:21:51.512-03:00- Caminhos -<div style="text-align: center;"><object height="40" width="250"><param name="movie" value="http://grooveshark.com/songWidget.swf" /><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=cowbell.grooveshark.com&songIDs=32233788&style=metal&p=0" /><embed src="http://grooveshark.com/songWidget.swf" type="application/x-shockwave-flash" width="250" height="40" flashvars="hostname=cowbell.grooveshark.com&songIDs=32233788&style=metal&p=0" allowScriptAccess="always" wmode="window" /></object></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><br />
Hoje é a partida. O dia no qual eu me despeço de vóis e sigo... Em frente? Não sei bem. Hei de seguir a Estrada rumo à qualquer lugar que me distancie da cidade. Vou caminhar, dirigir, pegar carona e nadar sempre adiante, sempre em movimento.<br />
E espero ver esse mundo. Sei, não sei bem que mundo é este, mas hei de conhecê-lo. O que verei? Pouco imagino, mas hei de ver, com certeza. Todas as suas dimensões e toda a sua história. E o que mais minhas pupilas puderem focar e a toda a luz que atingir meus nervos me fizer ver. <br />
Mas assim que terminar, ah, eu hei de voltar. Com os braços abertos e muitas coisas para contar. Mas quando? De verdade; eu não sei. Não posso dizer que os verei amanhã, mas que os vereis em breve. Nós, Vóis, e quem mais me convidar, me conhecer e/ou numa curva me encontrar.<br />
Antes de tudo apenas vos peço; nada mais desses olhares de incompreensão. O que há de errado em vagar, buscar? Não se pode mais sonhar? Nem sempre a montanha vem até nós, não é mesmo?! Não, não te entristeças, não há perigo maior do que ficar eternamente preso aqui, no conforto dos teus braços. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-B9i2spXxwT8/Tm-tI8fY8JI/AAAAAAAABTk/bhDzlJLuzfY/s1600/caminhos.BMP" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="231" src="http://1.bp.blogspot.com/-B9i2spXxwT8/Tm-tI8fY8JI/AAAAAAAABTk/bhDzlJLuzfY/s320/caminhos.BMP" width="320" /></a></div><br />
E se isso não te apaziguar, saibas que eu hei de escrever-te, os e-mails, as cartas, os cartões postais e o que mais for preciso para te oferecer um pouco de mim, que o mundo há de levar, e em retribuição, tu hás de me enviar teus boas-noites, e sonhar comigo para afastar a saudade.<br />
E se nada disso te convencer, saibas que eu devo ir. Não te preocupes mais, não hei de caçar riquezas, pois se quisesse algo que brilha iria ter de roubar o sol e a lua. Não mais, por favor, entenda que eu irei, que hei de voltar, haverei de te dar noticias e não vou me perder. Estou apenas a vagar. <br />
<br />
<div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;"><i>All that is gold does not glitter,</i></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;"><i>Not all those who wander are lost</i></span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;"><b>- <a href="http://www.tolkiensociety.org/tolkien/">JRR Tolkien</a> -</b></span></div><br />
<br />
Shelhass<br />
Baseada na música <a href="http://letras.terra.com.br/los-hermanos/230955/"><i>Primeiro Andar</i></a> por<i> <a href="http://www2.uol.com.br/loshermanos/">Los Hermanos</a></i>.shelhasshttp://www.blogger.com/profile/07476999765644223811noreply@blogger.com4